Tenho uma mesa colorida. Cheia de enfeites, brinquedos, referências ao mercado em que atuo e tanto amo. Para mim, encher os olhos de cor é tão essencial que não consigo imaginar nada mais sem graça do que uma vida com referências monocromáticas (salvo aqui a poesia fotográfica de Sebastião Salgado). Talvez seja por isso que tenha um pouco do coração roubado pela cultura e arte sergipana. Culpa da J. Andrade, fornecedor parceiro da Explícita, que pela segunda vez, sem pretender, me arrebata com seu trabalho que sempre reverencia não só as cores, mas a essência da arte/cultura de Sergipe.
Gosto ainda da beleza das miudezas. O que deveria ser só mais um calendário transforma-se em algo bom de se olhar, que a gente tem dó de emprestar ou rabiscar, e guarda depois do fim do ano como mais uma joia colorida, carregada de história, de arte, de cor. Um pedacinho de cultura no dia a dia, um lembrete de que apesar do stress e da correria, uma olhadelha num papel azul pode mudar o tom do dia. Bloquinhos e cadernos levam a estampa da arte de Felix Mendes, outro artista daquelas bandas que tive a honra de conhecer por conta do trabalho da J. Andrade. Mais feliz ainda, quando descubro que entre as referências de seus traços primitivistas está Djanira, artista colorida nascida em minha terrinha, aqui no estado de São Paulo.
Me encanta sempre o cuidado que a gráfica tem em seus trabalhos porque prova que santo de casa faz sim milagres dos bons. Ao comemorar seus 50 anos imprime as cores de sua terra, escolhendo gente de sua gente, expoentes como Felix Mendes para ilustrar essa essência cultural sergipana. Há de se aplaudir as cores desse finado artista, mas aplaudo ainda, a iniciativa do seu Jesonias, fundador da gráfica que, com sua rara sensibilidade, permite - de onde estiver - que a inspiração latente e colorida continue a reger os trabalhos de quem pisa por lá.
Parece um merchan danado, sei bem. Ainda mais em tempos em que todo pingo no i tem preço e pouca coisa tem valor. Mas é só admiração mesmo. Bom falar bem de quem, vez ou outra, sem querer, arranca um bom sorriso colorido da gente.
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