Maria Rodale
Passo mais tempo do que a maioria das pessoas pensando se as revistas sobreviverão ou não, pois minha família é proprietária de alguns títulos. Já fui a conferências que debatiam a sobrevivência das revistas. Sou torpedeada por consultores tentando me convencer de que revistas estão à beira da morte e, portanto, preciso de seus serviços imediatamente senão as conseqüências serão gravíssimas.
Bem, realmente acho que e-readers, Kindles e iPhones irão fazer, e de certa maneira, já fazem, parte de nossas necessidades de leitura e, especialmente, informação. E a Rodale Inc. está alinhada com estas coisas assim como todo mundo.
No entanto, falando por experiência própria, tenho percebido algo ultimamente. Quanto mais eu uso a tecnologia, (e eu não saio deste computador...), mais eu quero ler uma revista. Mas o que eu quero agora não é a mesma coisa de há cinco anos atrás. Francamente, quero uma coisa nova. Quero ser surpreendida e ficar encantada. Quero relaxar e não ter que decidir para qual página eu vou. Quero ver fotos. Quero deitar no sofá e não ter uma tela incandescente me encarando. Quer ser inspirada, É como ir a um encontro romântico, mas sem a preocupação de se arrumar.
Tudo começou com a minha nova revista favorita, Garden and Gun. A primeira vez que eu ouvi falar sobre essa revista, em uma conferência de revistas, achei que era uma piada. Eu comprei um exemplar e fiquei completamente viciada. É uma revista de lifestyle Sulista. Não sou Sulista e nem quero ser. Mas elas acertaram. Elas me mostram coisas que eu nunca iria pensar em procurar sozinha. Com as suas imagens, elas me levam a lugares aonde eu nunca iria, mas que eu gosto de olhar. Já dobrei várias orelhas de páginas depois de descobrir lugares que eu gostaria de visitar, livros que eu gostaria de comprar ou lojas onde gostaria de fazer compras (online). Tem um exemplar de Garden and Gun aberto, aqui, ao lado do meu computador. Vou reservar um quarto em um hotel que eu achei na revista (E não direi qual hotel, pois quero primeiro conseguir uma reserva).
E também tem a revista People. Não tenho tempo para ficar checando websites com notícias de celebridades todos os dias. E não me importo o suficiente para procurar ativamente por tal informação (apesar de que devo confessar meu fascínio por histórias de adultério envolvendo pessoas como Tiger Woods e aquele governador com a amante brasileira). Quando a minha revista People chega às sextas feiras, não quero ser incomodada por ninguém durante os trinta minutos que eu levo para ler a revista. Este é o meu momento e não esqueça disso!
Se eu realmente quero saber sobre o que acontece no mundo, bem, eu ouço o rádio - NPR e BBC Newshour. Mas eu ouço rádio somente quando estou no carro e não é sempre que isso acontece. Então eu me garanto assinando The Economist e a New York Review of Books. Essas revistas me ajudam a preencher as lacunas - ou melhor ainda - essas revistas me ensinam coisas que eu achava que eu não queria ou precisava saber.
A Internet é a tecnologia que permite às pessoas BUSCAR coisas. Adoro e sou totalmente a favor disso. Mas às vezes quero que as coisas me encontrem. De vez em quando, me canso de ficar olhando, datilografando e procurando e quero simplesmente sentar no meu sofá confortável e me surpreender quando eu viro a página.
É por isso que eu acredito que as revistas não morrerão.
Fonte: http://www.huffingtonpost.com/maria-rodale/why-magazines-wont-die_b_385783.html
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